Residência Artística: 8º Bolsa Pampulha

Sapo de Fora Não Ronca - Froiid

Botar fé

Noções de experiência e interação em práticas associadas a jogos são partes fundamentais para a compreensão do modo como a produção do artista Froiid articula relações entre o espectador e o trabalho de arte em que pesem ainda ideias de risco, estratégia, participação e colaboração. No entanto, o que está no jogo não é ganhar ou perder, mas compreender os mecanismos que criam, por um lado, esforços em exercício de imaginação radical e, por outro, ensejamos competições de bases desiguais como metáfora para a reflexão crítica da sociedade ou do próprio circuito artístico.

Por isso, as formas de jogo podem afirmar prazeres e reveses da vida, contemplando ou questionando dominantes morais, ou podem operar um campo de reexistência, em que o jogador não se coloca na posição de estar preso às regras que outros operam, mas de criador de novas regras. Note-se que seus trabalhos estimulam diligências e negociação num arco de decisão coletiva que vai desde a seleção dos objetos que compõem os jogos até o estabelecimento dos marcos prescritivos que modulam a atividade de cada indivíduo nessa pequena comunidade que se forma no momento da partida.

Nesta edição da Bolsa Pampulha, Froiid associa o álbum de figurinha da copa do mundo com 22 imagens – assinadas pelos jogadores – de cenas do futebol de várzea que, por sua vez, remetem aos tempos representados pelo mesmo número de bandeiras. No Museu de Arte da Pampulha, em formato outdoor, o artista instalou fotografias de jogadores numa cena ambígua entre celebração e desapontamento. Para o artista, a prática do jogo alude a um momento de suspensão da realidade, abrangendo processos culturais por meio da criação de regras e da busca por objetivos. É, a um só tempo, matéria e ação, em que o exercício lúdico opera forças propulsoras de formas diversas de pensar e viver os espaços e as cidades.

Amanda Carneio

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Sapo de Fora Não Ronca

Instalações exposta no Museu de Artes e Ofícios para a residência artística Bolsa Pampulha 2021/2022, para a exposição "Botar Fé". A instalação, é composta de 22 bandeiras inspiradas em brasões de times de várzea (futebol amador) de Belo Horizonte.
Fiz um estudo de cores e formas mais utilizadas nos brasões para compor um jogo de bandeiras de 2 metros de tecido e são aplicadas em mastros de bambus de 4 metros. O trabalho ainda compõe um áudio de cantos e tambores gravados e posteriormente mesclados de diversas torcidas, além de sons de jogos, formando uma peça sonora continua.

 

O bom cabrito não berra

 

Instalação feita para a exposição "Botar Fé". Pensada como site specific, para os jardins do artista e paisagista brasileiro Burle Marx no Museu de Arte da Pampulha. A instalação comporta três fotos de 2mx3m. As imagens apresentam três jogadores prostrados em campos de várzea (terrão). As figuras ficam de costas para o público e voltadas para o museu projetado pelo arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer. O trabalho veio da observação das manifestações religiosas dos jogadores de futebol em campos de várzeas (futebol amador) e a ocupação do público que visita assiduamente os jardins do Museu de Arte da Pampulha, mesmo não entrando no Prédio.

Novembro 25, 2022