Falar de Longe: José Bechara

  • 12 de Novembro de 2024 a 18 de Janeiro de 2025

  • O tempo, a geometria e o erro se encontram na obra de José Bechara, que apresenta sua nova exposição individual...

    O tempo, a geometria e o erro se encontram na obra de José Bechara, que apresenta sua nova exposição individual “Falar de Longe” em todo o primeiro andar da Albuquerque Contemporânea. Com texto crítico de Luiz Armando Bagolin, a mostra reúne obras realizadas nos últimos 6 anos e será inaugurada na terça-feira 12 de novembro, ficando em cartaz até 18 de janeiro.

    O título “Falar de Longe” alude a condição que a obra tem de espalhar-se para além do espaço de criação. Sugere a ideia de que a obra carrega um conjunto de reflexões surgidas no processo de criação, sejam formais ou simbólicas, e que possam disparar outras conexões poéticas aos observadores para além do espaço do ateliê.

    A lona de caminhão é um elemento chave na trajetória de José Bechara, que se faz presente em seu trabalho desde os anos 90. Antes de chegar nas mãos do artista, é impregnada de sua própria história. Manchas de sol, chuva, terra e poluição estabelecem uma base, na qual Bechara trabalha novas formas e linhas através da tinta acrílica e a oxidação de cobre e ferro.

    • José Bechara Tempo, 2022 Oxidação de cobre e ferro sobre lona 310 x 340 x 4 cm (70 x 60 x 4 cm -cada)
      José Bechara
      Tempo, 2022
      Oxidação de cobre e ferro sobre lona
      310 x 340 x 4 cm (70 x 60 x 4 cm -cada)
    • José Bechara Progressão, 2024 Oxidação de cobre e ferro sobre lona 110 x 270 cm
      José Bechara
      Progressão, 2024
      Oxidação de cobre e ferro sobre lona
      110 x 270 cm
    • José Bechara Sem título, 2024 Oxidação de cobre e ferro sobre lona 115 x 230 cm
      José Bechara
      Sem título, 2024
      Oxidação de cobre e ferro sobre lona
      115 x 230 cm
    • José Bechara Sem título, 2022 Acrílica e oxidação de ferro sobre lona 50 x 25 x 6 cm
      José Bechara
      Sem título, 2022
      Acrílica e oxidação de ferro sobre lona
      50 x 25 x 6 cm
  • 'As intervenções que ele [José Bechara] provoca sobre essas lonas são guiadas por faixas ordenadas longitudinalmente (horizontais ou verticais), deixando...

    "As intervenções que ele [José Bechara] provoca sobre essas lonas são guiadas por faixas ordenadas longitudinalmente (horizontais ou verticais), deixando entrever nas nesgas entre elas, partes do suporte com a sua imprimatura já selada, feita pelo vento, chuva, terra e poluição. O resultado é o de alguma aparição, como se as estruturas que surgiam das faixas, reforçadas por camadas e camadas de cor, estivessem nascendo de um conflito violento no seio da matéria. É este sentido, o da aparição, após um processo, às vezes, longo, de geração e formação, que impregna as formas geométricas elementares, no entanto, imperfeitas, como a dos planetas, luas e astros cosmológicos, que interessa ao artista. A obra surge, assim, a partir do acidente e das consequências a partir de decisões ou direções tomadas no ateliê, com resultados muitas vezes imprevisíveis." 

    Trecho do texto "Do caos à ordem" de Luiz Armando Bagolin

    • José Bechara Sem título, 2024 Oxidação e emulsões metálicas sobre lona usada de caminhão 25 x 60 cm
      José Bechara
      Sem título, 2024
      Oxidação e emulsões metálicas sobre lona usada de caminhão
      25 x 60 cm
    • José Bechara Sem título, 2022 Acrílica e oxidação de ferro sobre lona 40 x 25 x 6 cm
      José Bechara
      Sem título, 2022
      Acrílica e oxidação de ferro sobre lona
      40 x 25 x 6 cm
    • José Bechara Sem título, 2024 Acrílica e oxidação de ferro sobre lona 35 x 60 cm
      José Bechara
      Sem título, 2024
      Acrílica e oxidação de ferro sobre lona
      35 x 60 cm
    • José Bechara Sem título, 2024 Acrílica sobre lona 40 x 25 cm
      José Bechara
      Sem título, 2024
      Acrílica sobre lona
      40 x 25 cm
  • Nas palavras de Bagolin: “O espaço tal como o concebemos não é senão um dos efeitos do tempo, o registro...

    Nas palavras de Bagolin: “O espaço tal como o concebemos não é senão um dos efeitos do tempo, o registro ou marca que ele opera num instante determinado, transformado em lugar. Por isso, as suas pinturas não se fixam como coisas acabadas, após serem concluídas. Elas servem antes de senhas para que possamos visualizar a ação do tempo sobre elas e sobre nós, assim como o registro desta ação num determinado espaço, preenchido provisoriamente (vivenciado num átimo).”

  • Bechara, do caos à ordem

    Luiz Armando Bagolin
    No conto "O Som do Trovão" (1952) do escritor de ficção científica Ray Bradbury, quando o personagem principal pisa numa borboleta, este incidente gera resultados inesperados graves, incluindo a escalada ao poder de um líder fascista. O mote do conto é de que um pequeno detalhe, às vezes, inocente ou banal, basta para desencadear uma série de acontecimentos com consequências imprevisíveis. Em 1961, o meteorologista Edward Lorenz, trabalhando num modelo matemático para a previsão climática, constatou algo parecido. Ele viu que pequenas alterações (arredondamentos de decimais) nos dados inseridos no computador, tais como índices de temperatura, umidade e pressão, faziam com que os modelos oscilassem diversamente, se comportando fora do padrão esperado, à medida que os cálculos avançavam. A previsibilidade que sempre fora a base condicionante da física de Newton estava definitivamente comprometida. Lorenz nomeou o resultado de suas observações de Teoria do Caos.
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