Dyana Santos
As obras apresentadas configuram o recorte de uma pesquisa que alia os fazeres da costura e da metalurgia para propor uma investigação sobre as relações entre o corpo feminino racializado e as diversas estruturas sociais que incidem sobre sua existência.
A partir de materiais como chapas de aço, latão, cobre, alumínio e couro, Dyana Santos produz estruturas vestíveis, com molde no próprio corpo, em práticas que dialogam com a performance no processo escultórico. A aproximação com o metal, especificamente em relação aos fios de cobre utilizados nas costuras, remetem às memórias afetivas do trabalho de seu pai, que era eletricista.
Tanto na proposta conceitual e estética, quanto na escolha dos materiais e das técnicas, sua produção é atravessada pelas oposições binárias de gênero e suas funções históricas. A manipulação do material embrutecido, rígido, com a prática da costura, associada a materiais suaves e maleáveis, provoca uma quebra nestas convenções.
Remetendo às armaduras medievais num primeiro olhar, as esculturas imediatamente nos provocam a reflexão sobre quais corpos seriam dignos de tal proteção.