A natureza real e inventada por Marc Pottier

Claudia Jaguaribe
Agosto 20, 2022

Claudia Jaguaribe gosta de brincar com a representação da realidade. Muitas vezes ela recorta e remonta suas fotografias, construindo novos formatos. Ela os transforma em esculturas ou instalações multimídia e nunca hesita em juntar o improvável. As imagens resultantes não são um testemunho do que existe e do que pode ser visto. O seu trabalho revisita assim a história da paisagem introduzindo novos elementos. É um convite para discutir os códigos de representação.

O resultado desta reflexão mostra imagens onde a paisagem não se apresenta como natureza intacta mas como uma construção que lhe confere um aspecto pitoresco, idealizado e muitas vezes fantástico. Claudia, que vive entre São Paulo, uma megalópole brasileira, um oceano sem fim de prédios cinzentos e o Rio de Janeiro, a cidade-jardim por excelência, parece criar um oxímoro ao juntar essa mistura de betume-petróleo e agregados mortais com flores brasileiras e sua sexualidade que permite a reprodução.

Com ela, perdemos nosso discernimento. As imagens sobrepostas de flores penetram simbioticamente no corpo do asfalto recortado em forma de plantas. Do cinza ao artificial e às cores neon saturadas, ela nos oferece um triunfo lúdico do híbrido celebrando as núpcias de Eros e Thanatos.

 

Marc Pottier