José Bento apresenta no Octógono da Pinacoteca um projeto sensorial que pensa a relação com o espaço, tempo e memória, atribuindo novos significados ao seu principal material de trabalho, a madeira.
No site-specific o artista relembra que toda cidade, como resultante das ações humanas no passado e no presente, é um receptáculo das histórias e dos ciclos de vida que por ela assentam e habitam.
A região onde a Pinacoteca se localiza foi, em um passado-presente da cidade de São Paulo, conhecida como Caminho de Guaré. Com destino às Minas Gerais, os tropeiros percorriam uma passagem que existia antes mesmo da chegada do elemento europeu a essas terras: percorrer o Caminho de Guaré é compreender o espaço em que estamos como lugar de consciência, reconhecer a presença indígena nesse território e se entender também como parte dessa intricada trama de história.
A MADEIRA
A conexão entre as camadas de história e os diferentes estados da madeira, matéria constantemente presente nas produções do artista, assinala a complexidade e o aspecto cíclico da nossa própria existência.
O espaço da exposição se torna um tabuleiro onde uma delicada harmonia é formada: o feijão, que ao mesmo tempo é alimento e semente, cria a correspondência entre o cosmos e a terra, os montes de energia e matéria desintegrada exalam partículas de cheiro e lembranças das árvores que um dia foram e que seguem sendo, ainda que em outra configuração, e o ar, que a todos circunda, guarda as entradas e fortifica esse caminho através do tempo.
“José Bento: Caminho de Guaré” tem curadoria de Lorraine Mendes e Jochen Volz.