João Angelini é um dos cinco premiados na primeira edição do Salão Nacional de Arte Contemporânea de Goiás, que tem como objetivo reinserir o estado da região Centro-Oeste na cena brasileira, além de evidenciar as carreiras e trabalhos que se desenvolvem “nas terras quentes do Cerrado”. Com curadoria de Paulo Henrique Silva, a mostra reúne 35 artistas representantes de todas as cinco regiões brasileiras.
No Salão Nacional, Angelini apresenta dois trabalhos: “Depois de Anhanguera” e “Suberinas”.
Na série “Depois de Anhanguera”, um cubo de mármore branco (os mesmos usados nos palácios de Brasília) enterrado num bocado de terra vermelha retirada de grandes extensões de plantações de soja, tem sobre eles 3 insetos holográficos que ficam orbitando em volta desse cubo. Tudo isso dentro de um cofre. As imagens dos insetos foram capturadas de bichinhos reais no período da chuva em Brasília.
Em “Suberina”, diferentes árvores de cerrado, geralmente resistentes a incêndios naturais, são representadas em pratos de ágata com cinzas e fuligens coletadas de áreas da vegetação que foram queimadas.
As imagens são feitas a partir do pó das cinzas com estêncil, sem fixação e ficam livres na superfície dos pratos, que ficam expostas verticalmente sobre um suporte. Logo na montagem parte do pó se solta e o processo de apagamento das imagens das árvores se inicia.
Esse processo de queda e apagamento continua performativamente ao longo dos dias de uma exposição, variando sua velocidade de acordo com o movimento dentro da galeria, reagindo a correntes de ar, passagem de pessoas e sons. Depois de algumas semanas, as imagens já não são tão definidas como no início do processo.