Regards d’Artistes sur l’Urbanisme #6
TO6, Chaufferie de l’Union - Tourcoing, Altos da França - França
R.A.U. é um programa de residências criativas iniciado pelo Groupe A - Coopérative culturelle e Ville Renouvelée. Todos os anos, desde 2015, 6 a 8 artistas são convidados para uma residência de pesquisa-criação in situ. Eles pesquisam os principais projetos urbanos desenvolvidos pela Ville Renouvelpee e propõem suas visões das metamorfoses urbanas atuais ou passadas.
Os trabalhos produzidos em estreita conexão com as questões em pauta nos empreendimentos urbanos são reunidos em uma exposição que encerra cada edição do programa. Regularmente, as abordagens desenvolvidas pelos artistas se encontram diretamente com a dinâmica dos desenvolvimentos e obras são instaladas no espaço público, seja de forma efêmera ou permanente.
O programa R.A.U acompanha a Ville Renouvelée em seu desejo de fazer da cidade uma experiência de convivência, onde são as funcionalidades em movimento que constituem a estrutura urbana, seu futuro, suas transformações e sua estética. Ao mesmo tempo, o Groupe A - Cooperative culturelle investe em locais abandonados em colaboração com a Ville Renouvelée, para iniciar ações culturais em bairros em processo de devir e operando as transições de uso. Para esta edição do programa de residência Regards d’Artiste sur l’urbanisme #6, os campos de investigação foram os seguintes: (...) - o Quadrilatère des Piscines (Tourcoing) para Ana Alves e Eduardo Hargreaves.
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Not a child’s toy
O globo de neve é um dos objetos mais kitsch na economia global do turismo, e alguns aficionados os coletam e exibem orgulhosamente suas descobertas. As reproduções dos edifícios do quadrilátero da piscina, encerrados em seus globos de plástico e cobertos de pó de tijolo quando manuseados, nos remetem a uma dimensão que é ainda mais humorística porque não estamos tratando aqui de monumentos históricos ou turísticos, mas de edifícios que acabaram de sair do chão e estão reconfigurando completamente o distrito. Memento, homo, quia pulvis es, et in pulverem reverteris [“Lembra-te homem que és pó e ao pó tornarás”]. Esta famosa locução latina, utilizada de todas as formas, poderia legendar perfeitamente a obra, enfatizando a banalidade das demolições e reconstruções que transformam as cidades. Mas também pode trazer essas miniaturas perigosamente perto de casa, impondo-lhes a mesma sentença no final, e reduzindo nossos habitats a algumas relíquias perdidas, entre outras, nos lixões do consumismo triunfante.
Pascal Marquilly
Not a child’s toy, 2021, dimensões variáveis, corte e gravação a laser, impressão 3D, globo de neve, pó de tijolo, glicerina e água.
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Porque tudo é construído sobre areia
Eduardo Hargreaves tece uma rede de correspondências plásticas entre os pilares de sustentação dos edifícios em renovação e a malha de diferentes tecidos, entre as linhas de força de um plano de desenvolvimento urbano e as de desenhos detalhados em carvão e pó de tijolo. Esta instalação inclui uma representação simbólica das tensões inerentes à sobreposição das diferentes entidades que constituem um território, e que de uma forma ou de outra presidem à sua transfiguração. É uma questão de lutas sociais e de exploração capitalista tanto como de posicionamento da cultura, participando nas convulsões económicas e políticas que, com o tempo, constrangem ou libertam espaços. É também uma questão de um tempo suspenso, que se equilibra entre um passado industrial inegavelmente inscrito na cidade de Tourcoing e o aparecimento de novos distritos que foram totalmente redefinidos, virando-se resolutamente para uma renovação da cidade. Isto suscita a questão a saber quem do que é capaz de sustentar qualquer coisa.
Pascal Marquilly
Porque tudo é construído sobre areia, 2021, dimensões variáveis (~550 x 400 x 150cm), suportes mistos, materiais mistos (desenhos a carvão, pó de tijolo, mapas da cidade, cartões perfurados, rendas, tecidos diversos...).
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Trabalhos produzidos durante uma residência de investigação e criação no distrito do Quadrilatère des Piscines em Agosto - Setembro de 2021: Com curadoria de Pascal Marquilly e Luiz Gustavo Carvalho . Uma produção do Groupe A - Coopérative culturelle. Financiamento: Région Hauts-de-France, Sem Ville Renouvelée, PIC Union. Créditos das fotografias: Yves Bercez e Eduardo Hargreaves .
