Falar de Longe: José Bechara
O tempo, a geometria e o erro se encontram na obra de José Bechara, que apresenta sua nova exposição individual “Falar de Longe” em todo o primeiro andar da Albuquerque Contemporânea. Com texto crítico de Luiz Armando Bagolin, a mostra reúne obras realizadas nos últimos 6 anos e será inaugurada na terça-feira 12 de novembro, ficando em cartaz até 18 de janeiro.
O título “Falar de Longe” alude a condição que a obra tem de espalhar-se para além do espaço de criação. Sugere a ideia de que a obra carrega um conjunto de reflexões surgidas no processo de criação, sejam formais ou simbólicas, e que possam disparar outras conexões poéticas aos observadores para além do espaço do ateliê.
A lona de caminhão é um elemento chave na trajetória de José Bechara, que se faz presente em seu trabalho desde os anos 90. Antes de chegar nas mãos do artista, é impregnada de sua própria história. Manchas de sol, chuva, terra e poluição estabelecem uma base, na qual Bechara trabalha novas formas e linhas através da tinta acrílica e a oxidação de cobre e ferro.
Nas palavras de Bagolin: “O espaço tal como o concebemos não é senão um dos efeitos do tempo, o registro ou marca que ele opera num instante determinado, transformado em lugar. Por isso, as suas pinturas não se fixam como coisas acabadas, após serem concluídas. Elas servem antes de senhas para que possamos visualizar a ação do tempo sobre elas e sobre nós, assim como o registro desta ação num determinado espaço, preenchido provisoriamente (vivenciado num átimo).”