SP-Arte Rotas Brasileiras: Estande D05: Flávia Bertinato, Ana Raylander

26 August - 1 September 2024
  • Rotas Brasileiras

    Flávia Bertinato e Ana Raylander
  • apresentamos a interlocução entre as obras de duas artistas mineiras de diferentes gerações e que trazem o registro do corpo e suas experiências sociais, políticas e culturais no cerne de suas investigações

  • Flávia Bertinato

    Na 'Série das touradas' iniciada em 2021, Flávia Bertinato reúne fotografias, pinturas, desenhos e esculturas, transitando de modo experimental pelas...

    Na "Série das touradas" iniciada em 2021, Flávia Bertinato reúne fotografias, pinturas, desenhos e esculturas, transitando de modo experimental pelas imagens de tauromaquia portuguesa, em correspondência com um arco de suas memórias biográficas de sua Infâncla. Nessa serie, a artista retoma elementos como o suspense, sedução, violência e espetáculo, já articulados em obras anteriores, estabelecendo correspondências críticas entre o enaltecimento da presença da figura masculina domando o animal na arena e a cultura da cidade onde nasceu no sul de Minas. Onde rodeios e festas de agropecuária já foram destaques nessa região arraigada numa cultura rural de um sistema patriarcal. Tanto as touradas quanto os rodeios são cenários protagonizados por homens e os animals, quando reagem às ofensivas sob a maestria técnica e exibicionismo, por sorte, conseguem inverter a relação entre o domado e o dominador.
    Toda ação pictórica com tinta a óleo na "Série das touradas" desvela ambiguidades de relações e formas. Os corpos de animais pesados se desfazem em líquidos, como se plasmados de suor e de sangue. Toureiros perdem a orientação de verticalização, são atachados a manchas e sombras, inclinam-se de quatro, se contorcem ou se apequenam no espaço. As cores vibram trêmulas, incapazes de repousar em areas que se encontram abertas as mutações, restabelecendo sempre novos sentidos para a massa, o peso e o volume.
    As bandarilhas brancas em cerâmica, instrumentos perfuradores que na cena tauromáquica aparecem como extensões dos corpos dos toureiros, elucidam a transmutação simbólica da performance do toureador, de sacrificador à protótipo de virilidade. Como escreveu Michel Leiris (em "Espelho da Tauromaquia*), "não é preciso exigir demais dos fatos nem os fundir no cadinho de uma interpretação simbólica para constatar que a corrida inteira banha-se em uma atmosfera erótica".
    Os enquadramentos fotográficos revelam os acordos corporais masculinos no centro das apresentações, mas, também, entre os trabalhadores que circundam a arena, expressos, por vias e outras, nas gesticulações, cumprimentos, acenos com as mãos. E uma demonstração pormenorizada da coreografia de um sistema amplo que abrange os grandes contratos dos campeonatos decididos por homens, e que repercutem diretamente no destino daqueles que ingressam na carreira como "toureiro" ou "matador", um lugar onde, não sem dificuldades, mulheres conseguem manter-se com uma certa regularidade na profissão.

    • Flavia Bertinato Série Tourada, 2021 Óleo sobre papel 65 x 95 cm (sem moldura)
      Flavia Bertinato
      Série Tourada, 2021
      Óleo sobre papel
      65 x 95 cm (sem moldura)
    • Flavia Bertinato Série Tourada, 2021 Óleo sobre papel 39 x 55 cm (sem moldura)
      Flavia Bertinato
      Série Tourada, 2021
      Óleo sobre papel
      39 x 55 cm (sem moldura)
    • Flavia Bertinato Série Tourada, 2021 Óleo sobre papel 39 x 55 cm (sem moldura)
      Flavia Bertinato
      Série Tourada, 2021
      Óleo sobre papel
      39 x 55 cm (sem moldura)
    • Flavia Bertinato Série Touradas, 2021 Óleo sobre papel 38 x 53 cm
      Flavia Bertinato
      Série Touradas, 2021
      Óleo sobre papel
      38 x 53 cm
    • Flavia Bertinato Série Touradas, 2021 Óleo sobre papel 38 x 58 cm
      Flavia Bertinato
      Série Touradas, 2021
      Óleo sobre papel
      38 x 58 cm
    • Flavia Bertinato Série Touradas, 2021 Óleo sobre papel 67 x 100 cm
      Flavia Bertinato
      Série Touradas, 2021
      Óleo sobre papel
      67 x 100 cm
    • Flavia Bertinato Série Touradas, 2021 Óleo sobre papel 64 x 102 cm
      Flavia Bertinato
      Série Touradas, 2021
      Óleo sobre papel
      64 x 102 cm
    • Flavia Bertinato Série Touradas, 2021 Óleo sobre papel 70 x 111 cm
      Flavia Bertinato
      Série Touradas, 2021
      Óleo sobre papel
      70 x 111 cm
    • Flavia Bertinato Série Touradas, 2021 Óleo sobre papel 64 x 108 cm
      Flavia Bertinato
      Série Touradas, 2021
      Óleo sobre papel
      64 x 108 cm
    • Flavia Bertinato Série Touradas, 2021 Óleo sobre papel 39 x 55 cm
      Flavia Bertinato
      Série Touradas, 2021
      Óleo sobre papel
      39 x 55 cm
    • Flavia Bertinato Série Touradas, 2021 Óleo sobre papel 27 x 36 cm
      Flavia Bertinato
      Série Touradas, 2021
      Óleo sobre papel
      27 x 36 cm
    • Flavia Bertinato Série Touradas, 2021 Óleo sobre papel 38 x 53 cm
      Flavia Bertinato
      Série Touradas, 2021
      Óleo sobre papel
      38 x 53 cm
    • Flavia Bertinato Série Touradas, 2021 Óleo sobre papel 56,5 x 79 cm
      Flavia Bertinato
      Série Touradas, 2021
      Óleo sobre papel
      56,5 x 79 cm
    • Flavia Bertinato Série Touradas, 2021 Óleo sobre papel 84 x 106 cm
      Flavia Bertinato
      Série Touradas, 2021
      Óleo sobre papel
      84 x 106 cm
    • Flavia Bertinato Série Touradas, 2021 Óleo sobre papel 87,5 x 113 cm
      Flavia Bertinato
      Série Touradas, 2021
      Óleo sobre papel
      87,5 x 113 cm
    • Flavia Bertinato Série Touradas, 2021 Óleo sobre papel 38 x 56 cm
      Flavia Bertinato
      Série Touradas, 2021
      Óleo sobre papel
      38 x 56 cm
    • Flavia Bertinato Série Touradas (Arena), 2021 Fotografia - Papel Hahnemuhle Photo Rag Ultra Smooth 305 80 x 120 cm (sem moldura)
      Flavia Bertinato
      Série Touradas (Arena), 2021
      Fotografia - Papel Hahnemuhle Photo Rag Ultra Smooth 305
      80 x 120 cm (sem moldura)
    • Flavia Bertinato Série Touradas (Bandarilhas), 2023 Cerâmica 52 x 5 cm (cada)
      Flavia Bertinato
      Série Touradas (Bandarilhas), 2023
      Cerâmica
      52 x 5 cm (cada)
    • Flavia Bertinato Série Touradas (Bandarilhas), 2023 Cerâmica 62 x 3,5 cm
      Flavia Bertinato
      Série Touradas (Bandarilhas), 2023
      Cerâmica
      62 x 3,5 cm
    • Flavia Bertinato Série Touradas (Bandarilhas), 2023 Cerâmica 51 x 9 cm (cada)
      Flavia Bertinato
      Série Touradas (Bandarilhas), 2023
      Cerâmica
      51 x 9 cm (cada)
  • Sobre Flávia Bertinato

    1980, Pouso Alegre, MG, Brasil. Vive e trabalha em Belo Horizonte, MG, Brasil.

    Bacharel em Artes Plásticas pelo IA/UNESP e mestre em Artes Visuais pela ECA/USP. Atualmente a artista cursa o doutorado em Artes Plásticas, Visuais e Interartes pela UFMG Universidade Federal de Minas Gerais (Belo Horizonte). Participou do Programa Residência Artística FAAP, São Paulo (2020) e do Programa Bolsa Pampulha, MAPMuseu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte (2013). Foi contemplada pelo Prêmio CCBB Contemporâneo, Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro (2015) e indicada ao Prêmio PIPA (2020). Em 2021 participa do  Programa de Residências Internacionais HANGAR Centro de Investigação Artística (Lisboa).

    Flávia Bertinato integrou várias exposições coletivas e individuais em galerias de arte, museus e instituições, como Pinacoteca do Estado de São Paulo, CCBB Centro Cultural Banco do Brasil, CCSP Centro Cultural São Paulo, MARP Museu de Arte de Ribeirão Preto Pedro Manuel-Gismonti, Galeria de Arte Celma Albuquerque, Galeria de Arte Marília Razuk, Museu de Arte da Pampulha e Palácio das Artes (Fundação Clóvis Salgado).

    Formas de interação social, limites entre o espaço público e privado, intimidade, anonimato e construções alegóricas que problematizam o gênero feminino são alguns temas que a artista vem explorando, a partir de uma ampla gama de materialidade e de relações no campo simbólico em suas pinturas, fotografias, instalações e esculturas.

  • Ana Raylander

    Apresenta um conjunto de monotipias a óleo e objetos que articulam ideias em torno do corpo, do feminino e da...
    Apresenta um conjunto de monotipias a óleo e objetos que articulam ideias em torno do corpo, do feminino e da racialidade. Ana entende o tempo como a coluna vertebral do seu trabalho, sendo as obras o resultado de projetos a longo prazo, realizados pela artista nos últimos 11 anos. Em sua prática existe um constante interesse em cruzar narrativas pessoas e narrativas coletivas, aproximando distintas cosmologias. As obras trazem uma forte presença da cor marrom, investigada pela artista desde o início de sua trajetória.
  • Sobre Ana Raylander Mártis dos Anjos

    1995. Nascida no 'cafundó do mundo'. Vive e trabalha entre Belo Horizonte e São Paulo.

    Em sua prática procura estabelecer um diálogo entre a história coletiva e a sua própria história. Com formação em palhaçaria, bacharelado em Artes Visuais pela UFMG (Brasil) e intercâmbio em Arte e Multimédia pela ESG (Portugal), entende sua atuação como um fazer interdisciplinar. Vem recorrendo com frequência aos saberes da educação, escrita, performance e brincadeira em projetos de longa duração. Foi contemplada com bolsa de pesquisa e residências pela coleção moraes-barbosa (2024);
    Bolsa Pampulha - Museu de Arte da Pampulha (2024); e Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (2021).
    Recebeu o Prêmio de Novos Artistas do Memorial Minas Gerais Vale (2024) e o Prêmio EDP nas Artes de Residência, do Instituto Tomie Ohtake (2018). Realizou projetos como Painéis, na Galeria Cavalo (2024);
    Willian, na Temporada de Projetos do Paço das Artes (2023); Coral de Choros, no Programa de Exposições do CCSP (2018): e Duas toalhas de banho, na Área Panorâmica de Tui (2017). Tem textos publicados pelo MASP, Editora Fósforo, Jornal Nossa Voz, Centro Cultural São Paulo, Projeto Afro, MAM Rio e Museu Paranaense.